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Foto do escritorThais Degiovani

A saga dos brigadistas florestais na Chapada dos Veadeiros em uma sexta-feira 13

Atualizado: 5 de jul.

A sexta-feira 13 tomou forma na Chapada dos Veadeiros sob a presença obscura de uma lua cheia fumacenta que para os combatentes ora os levava à admiração, ora os transportava a um filme de terror, cercados pela visão do inferno onde tudo ardia em um cenário de destruição sem fim.


A mística data ganhou vida nos picos de serra da esquecida Cavalcante, ardeu dia e noite onde poucos se comoviam com a ocorrência do fato, quase enuviados por uma onda ilusória de bem-estar onde tudo parecia calmo e tranquilo, enquanto na calada da noite, ressurgindo da escuridão, a Serpente de Fogo seguia o seu destino próprio, que pode ter surgido do imaginário do ser antagônico da Fênix.



Esta força destruidora que, aparentemente a serviço do inferno, apoiada pelas confluências cósmicas da sexta-feira 13, viera com uma falange de entes invisíveis, oferecendo todo o tipo de perigo a quem ousara combatê-la. Para os combatentes, semblantes gastos – o mal está sempre à espreita esperando um vacilo que os derrube em uma grota sem fundo tornando-os esquecidos em uma missão onde poucos se atreveram a estar.


A vida segue em uma cidade esquecida onde geograficamente o nordeste goiano nunca representou tão bem o nordeste de fato. O impulso de ressurgir das cinzas é uma promessa fenixial para este território tão vasto e cheio de riquezas onde, assim como em seus tempos de "glória" dourada na busca pelo ouro, a ambição destruidora segue vivendo e dando vida aos ciclos intermináveis de várias sextas-feiras 13. O Cerrado sofre o assédio desses agentes do mal e a seu serviço está a Serpente de Fogo, que por um faiscar do isqueiro, destrói um bioma inteiro.


Dentro da cena, o filme de terror é perfeito e segue um roteiro bem articulado, onde cada sequência anseia a oportunidade do mal prosperar.


A Serpente de Fogo seguirá ardendo pelos campos e matas, subindo e descendo serras, pulando as pedras e os rios, incansável, segue o seu destino destruindo o que encontrar pela frente com o propósito inabalável de arder. Acompanhados a ela, só nos resta observar e até admirar com espanto a sua luzência e força. Muitas vezes, ofuscados pelo seu brilho, tentamos subjetivar algum sinônimo de beleza, quando, de fato, seguindo a trama, é a cena da morte perfeita.


A Serpente segue enquanto os combatentes aguardam apreensivos e ansiosos uma única oportunidade para se aproximar, escalando o lombo escarpado das serras, em um sobe e desce sem fim – parece a própria vida tomando seu rumo entre altos e baixos, apegados a uma fé inabalável. Sob reza forte de superação, só avistamos seu clarão até encarar de frente a besta fumegante, tão assustadora quanto a própria visão do capeta e a sua falange do mal.


Os combatentes seguem armados apenas de seu humilde sopro, montam aos trancos e barrancos as costas da Serpente de Fogo em direção à sua cabeça na tentativa de aniquilá-la de uma vez por todas. A serpente esbraveja, cospe fogo, muda de direção, aumenta e diminui de tamanho, se multiplica em várias cabeças diferentes, mas, por fim, não resiste e sucumbe à braveza dos guerreiros celestiais do Cerrado. 


A severa noite da sexta-feira 13 profetizou a destruição, mas por um breve momento os abastados combatentes de uma cidade esquecida prosperaram. Os atores do mal ainda nos rodeiam em seus antros de horrores. Estaremos por aqui esperando o que está por vir.

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